Jovens pesquisadores estudam as mudanças climáticas a partir de suas realidades e temem a extinção da humanidade.
Na maior feira de ciência e tecnologia da América Latina que reúne estudantes de 21 estados brasileiros, do Distrito Federal e de oito países, alunos desenvolvem trabalhos e apresentam soluções sobre o clima no mundo. Eles participam até quinta-feira, dia 27 de outubro, da 37ª Mostratec – Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia e 12ª Mostratec Júnior, reunindo alunos do Ensino Médio e do Ensino Fundamental que acontece em Novo Hamburgo-RS, no Centro de Eventos da FENAC, de 25 a 27 de outubro de 2022, das 13h30 às 21h, com entrada franca. O evento é considerado o maior do gênero na América Latina e sua organização é feita pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha.
Um dos trabalhos que mostra a preocupação de crianças com o meio ambiente e a empatia com os colegas leva o nome “Como os pinguins vão sobreviver”, de três estudantes de Novo Hamburgo (RS), do Colégio Marista Pio XII, do quinto ano do Ensino Fundamental. “Escolhemos este tema porque temos um colega autista que trazia diariamente para a sala de aula dois pinguins de pelúcia. Fazia ele se sentir seguro e melhorava seu aprendizado, além de participarem e interagirem na sala de aula”, diz Manuela Ferraz, de 11 anos, uma das autoras do trabalho. Ela conta que assim se deu o interesse dela e dos outros colegas da turma, principalmente – Luíza Tavares Silveira e Murilo Moreira dos Santos, que assinam o trabalho com ela. “Começamos a dar atenção ao assunto e tentar entender o que está acontecendo com os pinguins na Antártica e ver de que maneira podemos ajudar”, fala a menina. “Vimos que no futuro as calotas polares podem derreter e assim os pinguins podem se extinguir assim como os demais animais desta cadeia alimentar”. Para aprofundar o conhecimento foram atrás de informações sobre o efeito estudo e seus malefícios. E a conclusão foi que a Antártica está sofrendo com a mudança de temperatura, especialmente nos últimos 250 anos. “Têm evidências na atmosfera da Antártica, do transporte de aerossóis provenientes das queimadas no Brasil. Outro fator relevante que descobrimos é que a queda na produtividade do fictoplâncton antártico em áreas com diminuição da camada de ozônio causam um desequilíbrio na sua produção e isso tem efeito cascata na cadeia alimentar polar afetando diretamente os pinguins e sua sobrevivência”, dia professora orientadora Janaína Câmara Sampaio.
Já a conscientização de práticas diárias para a preservação do meio ambiente foi o assunto que moveu os estudantes do Rio Grande do Norte, da cidade de Mossoró, da Escola Estadual Centenário, do 9° ano do Ensino Fundamental a aplicarem uma pesquisa na escola para conhecerem as práticas sustentáveis dos colegas. “Escolhemos o tema meio ambiente para que ele não caia no esquecimento da nossa vida agitada. É importante a preservação, pois esta decisão vai afetar a minha vida no futuro”, diz Abraão Monteiro, de 16 anos, que ao lado dos colegas Hemily Raphaely do Vale Silva e João Lucas Galvão Medeiros. Eles contam que depois deste trabalho começaram a notar pequenas mudanças de hábitos como a troca do uso da carona de carro por pedalarem suas próprias bicicletas para o deslocamento da casa até a escola. “Parece uma atitude pequena, mas se somadas a outras podem auxiliar no impacto ambiental”, enfatiza Abraão
Outro trabalho com foco no meio ambiente vem de Cruzeiro do Sul, no Acre, da Escola de Ensino Médio dom Henrique Ruth, com o tema Mudanças Climáticas na Amazônia. Uma das autoras é Ashley Silva, de 17 anos, e diz que o trabalho veio da observação das pessoas, olhando o céu. “Vimos ele ficando mais vermelho e a temperatura na cidade muito quente, mostrando um desequilíbrio e que pode gerar muitos desastres ambientais, gerando a perda de habitat para os seres vivos. Tudo vai afetar nosso sistema biológico e pode causar até a extinção do ser humano”, diz a aluna, que lembra que a Amazônia não é só do Brasil´, “é de toda a humanidade”. Ao lado do colega, Jeftér Lucca Correia Tomé, falam na apresentação que aconteceram eventos climáticos muito extremos em curtos espaços de tempo, como enchentes e secas nos rios. A floresta é quem regula o volume das chuvas e com a floresta sendo queimada e desmatada as águas também entram em colapso. As queimadas na floresta causam problemas respiratórios na população, as enchentes trazem doenças pois a água é poluída, as secas impendem o transporte de cargas nos navios e impossibilita o sustento das populações ribeirinhas que se alimentam e vendem a pesca.
No total a feira tem 666 projetos, divididos entre 329 na Mostratec (Ensino Médio e Técnico) e 337 na Mostratec Júnior (Fundamental com 264 e Infantil com 73). Além da Mostratec, ocorrerá também a Mostratec Júnior, o Seminário Internacional de Educação Tecnológica (Siet), os Jogos Mostratec, a Corrida Mostratec/Sesc e o Desafio de Robótica Mostratec Atto.
Além do Brasil, participam estudantes dos países: Argentina, Colômbia, México, Paraguai, Peru, Portugal e Taiwan. A estimativa é que o público visitante fique entre 30 e 40 mil pessoas.
Os Prêmios e Incentivos Educacionais estão sendo oferecidos por 39 organizações, estimados em mais de R$ 1 milhão. Entre as instituições que darão prêmios estão: Associação de Pais e Mestres/Liberato, Assembleia Legislativa/RS, Casio, Prefeitura NH, Câmara de Vereadores NH, Marinha do Brasil, Conselho Federal dos Técnicos Industriais, Conselho Regional dos Técnicos Industriais do RS, BA e SP, Feevale, Unisinos, Faccat, Uniftec, Ulbra, UniRitter, Universidade La Salle, QI, Killing, Vilage, IBTeC, Sicredi, Happy, entre outros.
A Mostratec conta com o patrocínio do Banrisul, Petrobras, CNPq e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
A Mostratec terá transmissão ao vivo pelo canal do YouTube: www.youtube.com/oficialmostratec
Mais informações em www.mostratec.com.br .